sábado, 10 de dezembro de 2011

Lá Fora, Agora! | 10/12/2011




     Olá, clientes! Hoje temos o lançamento de uma nova coluna aqui n'A Cafeteria. A Lá Fora, Agora! vai ser publicada a cada dois sábados com quatro ou mais livros que estão fazendo sucesso fora do Brasil na semana da postagem. Os países avaliados são Estados Unidos, França, Inglaterra, Itália, Bélgica, Argentina, Alemanha e Portugal. Apenas os livros mais interessantes serão postados nesta coluna, todos de literatura, e nem sempre estes livros estarão disponíveis no mercado brasileiro.


Hothouse Flower  (A Estufa de Flor



Gênero: Romance
Autor: Lucinda Riley
País de Origem: Inglaterra
Sucesso na Alemanha (Orchideen House).
Sinopse: Quando menina, Julia Forrester passou cada minuto livre com o seu avô, um famoso produtor de orquídeas em uma estufa no Wharton Park. Anos depois, durante um problema familiar, ela volta à estufa, agora herdada pelo carismático Kit Crawford, que lhe entrega um diário muito antigo encontrado durante a reforma, e que possivelmente pertencia a seu avô. Quando ela entrega o livro à avó, descobre um segredo presente em sua família há décadas, de um amor em meio a Segunda Guerra Mundial.
No Brasil: A editora Novo Século comprou os direitos da obra, que será lançada em 2012, ao mesmo tempo que nos Estados Unidos.


Inheritance (Herança)

Gênero: Fantasia épica
Autor: Christopher Paolini
Sucesso em Portugal (Herança) (capa), Inglaterra (Inheritance), Alemanha (Eragon - Das Erbe der Macht), Espanha (El legado) e Itália (L'eredità).
Curiosidade: Quarto e último livro da série Ciclo da Herança.
Sinopse: Há pouco tempo, Eragon – Matador de Espectros, Cavaleiro de Dragão - não era nada além de um pobre garoto da fazenda, e seu dragão, Saphira, apenas uma pedra azul na floresta. Mas agora o destino de uma civilização inteira está sobre seus ombros. Muitos meses de treinamento e batalhas trouxeram vitória e esperança, mas também trouxeram perdas arrasadoras. E a verdadeira batalha ainda está por vir: Eles devem enfrentar Galbatorix. Quando eles o enfrentarem, terão que ser fortes o bastante para derrotá-lo e se eles não conseguirem, ninguém mais conseguirá. Não haverá segunda chance. O cavaleiro e seu dragão chegaram mais longe do que todos esperavam. Mas eles conseguirão derrotar o malvado rei e restaurar a justiça em Alagaësia? E se conseguirem, a que custo?
No Brasil: A editora Rocco, responsável pela série, já confirmou o lançamento do livro para o primeiro semestre de 2012.





11.22.63 (22.11.63)
Gênero: Thriller
Autor: Stephen King
Sucesso nos Estados Unidos (11.22.63), Inglaterra (11.22.63) e Itália (22/11/'63).
Sinopse: E se você pudesse voltar no tempo e mudar o curso da história? E se pudesse impedir a morte de John F. Kennedy? Nesta obra, Stephen King leva seu protagonista, o professor de uma escola de inglês em 2011, Jake Epping a uma fascinante viagem de volta a 1958 - do ano dos telefones celulares e iPods ao de Elvis, carros Plymouth, do presidente Kennedy, de um jovem solitário e perturbado chamado Lee Harvey Oswald e de uma linda bibliotecária de um colégio chamada Sadie, que se torna o amor da vida de Jake - um romance que transgride todas as regras normais do extraordinário poder do tempo.
Curiosidades: A data do título é do dia da morte do presidente John Kennedy, e Lee Harvey Oswald é o nome de seu assassino. Mesmo antes de ser lançado, a adaptação cinematográfica do livro já foi confirmada, e será dirigida por Jonathan Demme.
No Brasil: Ainda não há nada oficializado sobre uma versão nacional do livro.


El Cuaderno de Maya (O Caderno de Maya)

Gênero: Drama
Autor: Isabel Allende
Sucesso em Portugal (O Caderno de Maya) e Itália (Il Quaderno di Maya).
Sinopse: "Sou Maya Vidal, dezenove anos, sexo feminino, solteira, sem namorado por falta de oportunidade e não por esquisitice, nascida em Berkeley, Califórnia, com passaporte americano, temporariamente refugiada numa ilha no sul do mundo. Chamaram-me Maya porque a minha Nini adora a Índia e não ocorreu outro nome aos meus pais, embora tenham tido nove meses para pensar no assunto. Em hindi, Maya significa feitiço, ilusão, sonho, o que não tem nada a ver com o meu carácter. Átila teria sido mais apropriado, pois onde ponho o pé a erva não volta a crescer." O novo romance de Isabel Allende, diferentemente de seus tradicionais romances, é passado nos dias atuais, e apresenta a trama de Maya, uma garota americana de dezenove anos que encontrou refúgio em uma ilha remota da costa do Chile depois de cair em uma vida de drogas, crimes e prostituição após a morte do avô.
No Brasil: A editora Bertrand Brasil lançou o livro no início deste mês de dezembro, dia 8.


Então, gostaram? Aguardando loucamente algum? Dia 24 tem mais títulos! :)

domingo, 27 de novembro de 2011

Jogos Vorazes, de Suzanne Collins | Resenha



Há uma fase por qual qualquer saga passa quando começa a fazer sucesso: a comparação. Percy Jackson tentou fazer dinheiro no cinema quando começou a ser comparado com Harry Potter (há semelhanças, claro, mas um contexto muito diferente); As Crônicas de Gelo e Fogo traz até o comentário de um crítico comparando a saga com O Senhor dos Anéis na contra-capa do primeiro livro; e agora temos Jogos Vorazes, a trilogia best-seller de Suzanne Collins que muitos comparam com A Saga Crepúsculo

E o pior de tudo isso é que a própria editora dá asas à comparação ao inserir um elogio da escritora Stephanie Meyer na contra-capa. Uma jogada de marketing (óbvio, pra isso esses comentários existem no lugar onde eles existem!), afinal, é o convite pra que os fãs de Bella se interessem por Katniss. Mas será mesmo que é uma jogada válida? A trama de uma garota indecisa entre dois amores impossíveis encaixa-se em um mundo onde crianças precisam aflorar seu instinto de sobrevivência em um jogo que decidirá sua vida? Essa, sim, é a questão primordial em qualquer debate sobre um tema tão infrutífero. De resto, é só apelação dos estúdios (sim, porque Jogos Vorazes terá sua primeira adaptação cinematográfica ano que vem) e quaisquer outros que tenham direitos sobre a trilogia pra chamar atenção do bolso do público.

O enredo de Collins chama atenção desde o início, quando somos avisados de que a América do Norte foi destruída (e não há qualquer menção a outros continentes do nosso mundo) e um novo continente foi erguido, dividido por uma capital e vários outros distritos. Um dia, esses distritos se rebelaram contra a Capital. Perderam e, como um aviso, a Capital criou os Jogos Vorazes, onde cada distrito deve, todos os anos, oferecer duas crianças para que essas lutem pela sua vida em uma arena perigosa, monitorada e vigiada por todo o país.

É neste contexto que conhecemos Katniss, a protagonista da história. Uma menina que desde cedo teve que sustentar sua família com a morte do pai e a doença da mãe. A protagonista é uma das responsáveis pelo sucesso do livro, sem dúvida alguma. Ela não é sem sal e nem antipática, na verdade ela é uma caçadora nata, com um gene peculiar e bem particular, que surpreende e encanta com suas estratégias e habilidades. Junto com ela, lutando pela sobrevivência, temos ainda o simpático e misterioso Peeta - que acaba virando um suposto interesse romântico de Katniss, junto com o amigo da garota e companheiro de caça, Gale. Mas não precisa se assustar, porque Collins não dedica grande parte a esse trio romântico (por isso a tal comparação com Crepúsculo). Na verdade, a escritora se dedica mesmo a um ótimo suspense psicológico e físico. Todas as cenas na arena causam um tremendo frisson que sustenta uma leitura viciante. Além disso, temos uma crítica espetacular à sociedade capitalista abusiva (aqui representada pela Capital e pelos primeiros distritos), e o que ela causa às "classes baixas".

Claro, Jogos Vorazes não é imune de pontos negativos. Há personagens e passagens que são construídos de forma infantil e bastante cartunesca. Um exemplo é Haymitch, com seu vício alcoólico exageradamente demonstrado através de estranhos ataques de vômito. E o que dizer dos presentes dos patrocinadores chegarem aos jogadores através de paraquedas? Além de ser uma forma dos oponentes descobrirem a localização dos demais - e nenhum personagem parece estar ciente de algo tão óbvio -, é uma ideia à lá desenho animado, e pouco plausível - mesmo num mundo onde existem chuveiros com centenas de opções de temperatura e aroma da água e aparelhos que desembaraçam seus fios de cabelo apenas tocando-os, como é o caso da Capital. Há também o lance das bestas no final, onde não entendemos bulhufas. 

Jogos Vorazes é uma leitura apaixonante e surpreendente. Momentos espetaculares, personagens carismáticos, tensão o tempo todo e uma mensagem sensacional transmitida da melhor maneira aos leitores. Super recomendado!



sexta-feira, 11 de novembro de 2011

The Secret Circle - 01x01 - "Pilot"


Da mesma criadora de The Vampire Diaries, The Secret Circle é mais uma série que a Warner Bros. adapta de um livro, mas, aqui, ao invés de vampiros lhe damos com bruxas e bruxos escondidos, e uma jovem que não sabe os poderes que tem. Pra quem gosta da mistura de fantasia com romance, é a pedida. Mas quem não gosta é melhor passar longe dos clichês do gênero.

Quando a mãe de Cassie morre em um suposto incêndio dentro de casa, ela vai morar com a avó em uma cidadezinha. Lá, ela começa a saber mais sobre a vida da mãe e estranhos acontecimentos começam a rondá-la, fazendo-a rotular a cidade de "estranha". Porém, tudo muda quando ela conhece Adam, Faye, Diana, Melissa e Nick, e eles dizem que ela é, na verdade, uma bruxa e a última integrante que faltava para o Círculo Secreto se concretizar.

O bom de The Secret Circle é que ele não se prende à estereotipada personalidade meiga e frágil presente na maioria das protagonistas deste tipo de trama. Na verdade, Cassie é dócil e tímida, mas se mostra determinada e não é de levar desaforo pra casa. Um diferencial da série para com as outras do gênero. Mas o que não dá pra entender é o porquê de Cassie cismar tanto em não querer saber mais sobre seus poderes. Ela sabe que eles são perigosos e não sabe domá-los, mas mesmo assim insiste em ficar longe do restante do grupo, que é mais experiente do que ela. 

Outro erro do roteiro (talvez até do livro) está na carta deixada para Cassie por sua mãe. É dito na carta que, se Cassie está lendo-a, é porque ela já morreu e que guardara segredo sobre seus poderes para distanciar a filha daqueles que a queriam mal. Mas ela vira que isso só prejudicara a filha, e que não devia tê-lo feito. Agora me diga: se a mãe de Cassie percebeu o que estava fazendo, por que ela não contou os segredos pra filha ao invés de escrever uma carta fazendo-o? 

Há também a má-exploração de alguns personagens que se mostram essenciais, mas que estão totalmente apagados, como Nick e Melissa. Não dá nem para avaliar muito bem a atuação de Louis Hunter e Jessica Parker Kennedy, de tão pouco que aparecem. O par romântico de Cassie (vivida pela belíssima Britt Robertson) é Adam Conant (Thomas Dekker, indiferente). A relação dos dois aborda o clichê de romance proibido (embora as barreiras aqui nem sejam tão fortes). A garota má (porque o gênero praticamente obriga a ter uma) é vivida pela ótima Phoebe Tonkin, que esbanja sarcasmo. Shelley Hennig vive Diana, uma personagem totalmente sem graça, e que, mesmo tentando, não consegue cativar o público. 

The Secret Circle não traz nada do que a gente nunca viu, por isso é recomendado exclusivamente pra quem gosta do gênero, e não pra quem está tentando encontrar alguma coisa nova. Os efeitos visuais não decepcionam, mas também não surpreendem. Pelo menos aqui temos a segurança de que nenhum roteirista de episódio vai sofrer de bloqueio de criatividade, pois o enredo já está totalmente estruturado - visto que é uma adaptação de um livro. Bom programa!



American Horror Story - 01x01 - "Pilot"


Com o sucesso de The Walking Dead, a FOX investe em mais uma série de terror cobiçosa, mas American Horror Story, mesmo com personagens interessantes, um cenário que causa um frisson enorme e acontecimentos assustadores, não surpreende pelo excesso de clichês e muita bizarrice com falta de explicação, afinal, vamos lá, hoje em dia só sustos não agradam o público - tem que ter um motivo para eles acontecerem - principalmente, como é o caso aqui, se o gênero sobrenatural estiver envolvido.



No episódio piloto da série, a família Harmon muda-se de Boston para Los Angeles a fim de tentar esquecer o aborto de Vivien e o caso extraconjugal de Ben. Eles vão viver em uma antiga mansão cujos ex-donos, um casal de gays, morreram no porão - um matou o outro e se suicidou logo depois. Mas como nem tudo é mil maravilhas, coisas estranhas começam a acontecer. A governanta da casa, Moira, é vista por todos como uma senhora respeitável com um olho de vidro, mas Ben a enxerga como uma jovem e sexy moça vestida com um uniforme erótico de faxineira. Junto com isso, há Tate Langdon, um paciente de Ben, que é um psiquiatra. O jovem tem tendências suicidas e homicidas, e não tarda para que Ben descubra que ele é muito perigoso para andar pelas ruas. Por isso, quando descobre que sua filha Violet criou uma amizade com o jovem, ele faz de tudo para que a menina fique longe de Tate.



Temos ainda Constance, a estranha vizinha com aspecto de dama mas com atitudes grotescas, e sua filha com Síndrome de Down Adelaide, que entra escondida sempre na casa dos novos vizinhos e profetiza suas mortes. Não, as coisas não param por aí. Para piorar as coisas há Larry Harvey, um ex-presidiário que começa a atormentar Ben dizendo para sua família mudar-se dali rapidamente, pois ele mesmo já morara ali com sua família e, em um dia, matara sua filha e sua esposa lá dentro. Segundo ele, por culpa de estranhos ataques de sonambulismo.



Tudo isso junto em um só capítulo é muito difícil de se desenvolver, e os roteiristas Brad Falchuk e Ryan Murphy (ambos de Glee) não são mestres em organização de roteiro. Por isso, todo o primeiro capítulo ficou bagunçado. O prólogo (assustador, aliás) + a apresentação das personagens e a situação de cada um + acontecimentos sem explicação e totalmente superficiais (como as cenas de bullying contra Violet na escola) + acontecimentos sem conclusão (Violet vê seu pai com a governanta e sai correndo e o pai a vê, mas, simplesmente, o assunto não é mais tocado durante todo o capítulo) juntam-se e formam uma desorganização total, de onde nós só tiramos proveito das cenas de suspense - bastante bem trabalhadas - e do talento do elenco. Sobre as aparições e os eventos sobrenaturais, parece-me que só saberemos o motivo no final da temporada ou da série toda (uma segunda temporada já foi confirmada, mas pode ser que seja com outra família). Até lá, o jeito pra quem está curioso e gostou da tensão exibida é aguentar toda essa bagunça até a resolução de tudo.



No elenco, quem se destaca são os coadjuvantes. Evan Peters (o paciente psicopata) está fenomenal e garantiu uma das melhores cenas do episódio piloto. Alexandra Breckenridge (a jovem Moira) esbanja sensualidade e a oscarizada Jessica Lange (a estranha vizinha) está impagável. A jovem Jamie Brewer faz um papel incrível e assustador como a filha da vizinha. Já o trio principal está totalmente sem sal - sendo que apenas Taissa Farmiga (Violet) e Dylan McDermott (Ben) se destacam em algumas cenas. Connie Britton está totalmente apagada.

O piloto de American Horror Story é totalmente desorganizado pela abundância de temas e obrigações abordadas, algumas acabam ficando sem pé nem cabeça e outras passam rapidamente, sem nenhuma exploração. O jeito é esperar o próximo capítulo. Mas que este aqui consegue realizar um clima de tensão, consegue. Os clichês do gênero estão presentes aqui, mas mostram que ainda conseguem assustar. Bom programa!




terça-feira, 8 de novembro de 2011

Estréia hoje American Horror Story no Brasil!


Com uma divulgação um tanto bizarra e nonsense, American Horror Story, dos mesmos criadores de Glee, promete ser a nova série de terror de sucesso da FOX. Mais de um mês após a estréia nos Estados Unidos, a série chega hoje à TV brasileira. Pra quem tem TV paga e não tem medo de qualquer obra de terror, coloca hoje às 23:00 na FOX, afinal, a série parece ser mais uma mistura de vários clássicos do terror, de O Bebê de Rosemary a O Iluminado.

Pra quem ainda não está por dentro do que fala a série, que já teve sua segunda temporada oficializada, saiba que o programa tem de tudo um pouco. Serial killers, aparições, sadomasoquismo, sensualidade, entre muitos outros temas perversos e bizarros. Na trama, uma família se muda para uma mansão pra deixar pra trás o adultério que quase destruiu a harmonia entre todos. Porém, eles não sabem que muitos acontecimentos perversos rondam esta mansão desde muito tempo.



No elenco estão Connie Britton (a Tami Taylor de Friday Night Lights), Dylan McDermott (Bobby Donnel em The Practice), Taissa Farmiga (irmã da atriz Vera Farmiga, e novata na área), Denis O'Hare (o Russell, de True Blood), Frances Conroy (a Ruth, de Six Feet Under), Jessica Lange (vencedora de dois Oscar, por Céu Azul e Muito Mais Que um Crime), entre outros. Os criadores são Ryan Murphy e Brad Falchuk, ambos de Glee. Confira um dos vídeos oficiais de divulgação logo abaixo:


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Entrevista | Josy Tortaro


Mesmo tendo nascido em São Paulo, capital, Josy Tortaro viveu praticamente a vida inteira no interior do estado. Formada em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda, já atuou como jornalista, roteirista, assessora de imprensa, entre outras. Um dia, começou a sonhar com um futuro livro publicado, até que, após casar-se, deu vida à série Os Quatro Elementos. O primeiro livro, Marcada a Fogo, chegou às livrarias este mês. Confira a entrevista exclusiva que ela deu ao blog:

1 - Josy, mais difícil do que escrever um livro de fantasia, só uma série de livros com o mesmo tema. O primeiro livro da Saga Os Quatro Elementos foi lançado há pouco tempo, Marcada a Fogo. Os outros livros já estão terminados? Enquanto escreve, você já tem em mente todos os acontecimentos e o desfecho da saga ou as ideias lhe vêm à mente conforme vai escrevendo?
R: A série foi criada há mais de um ano e eu sempre soube qual seria o trajetória que ela percorreria em cada volume. Os detalhes de cada livro foi definido pouco antes de começar a escrevê-los, mas eu sempre tive um enredo geral. MaF foi iniciado na impulsividade e me deu muitos componentes e pormenores para os outros e principalmente para o desfecho. Assim que terminei o primeiro, parti para o segundo e depois para o terceiro que demorou um pouco mais para ser escrito devido a divulgação paralela de Marcada a Fogo. No momento estou escrevendo o desfecho e pretendo terminar até o final do ano. Eu sempre soube como seria o final, no entanto, enquanto escrevia os anterior, trechos inteiros se desenharam em minha mente, inclusive com falas, que fui anotando para quando chegasse o momento de colocá-las nos capítulos finais.

2 - O que te serve de inspiração enquanto você escreve? Você acha que a sua criatividade de publicitária te beneficia com o gênero fantástico?
R: O mundo imaginário sempre fez parte da minha vida. A criatividade e a ficção foram suportes para minha infância. Foi na adolescência que comecei a escrever e decidi pela carreira de publicitária. Então, está tudo interligado. Porém escrever fantasia foi um desafio que meu marido me apresentou e que eu aceitei. Eu lia e assistia obras do gênero que simplesmente me encantavam. No caso da série, grandes nomes da literatura me influenciaram a dar o primeiro passo. Não que esteja me comparando a eles, mas foram: Tolkien (gênio) e Lewis com seu mundo fantástico; Sheldon e Brown com suas tramas cheias de suspense e simbologia; Austen e Meyer com seu sentimentalismo comovente.

3 - Quando você cria as personalidades de suas personagens, você se inspira em alguém?
R: Talvez, mas não diretamente. Um ou outro eu vejo amigos ou parentes, mas não foi proposital, definitivamente. No caso da série, os personagens foram escolhidos e montados sob a regência de seus signos.

4 - Na sua opinião, quais são as melhores obras fantásticas internacionais e nacionais atualmente? Alguma te serviu de inspiração para a criação de sua obra?
R: Como já citei as internacionais acima, vou citar as nacionais apenas: 2012, de Vanessa Bosso; Eriana, de Marcelo Paschoalin; Destino Íntimo, Gisele Galindo; O Guerreiro das Estrelas, Flávio Galindo. As quatro me deram alguma coisa. Ler, assistir e estudar um tema sempre me dão. Até uma nova história surgiu sem pedir licença, rs.

5 - Você acha que o mercado brasileiro está preparado para receber tantas obras de fantasias nacionais como vem acontecendo ultimamente? Quanto tempo demorou para você conseguir um contrato com uma editora?
R: Acho que sim. É o "boom" que nossas obras precisavam já que eram mais voltadas a livros reportagens ou sobre nossas realidades política e social. A fantasia vem para trazer esperança e sonho para os brasileiros e a recepção tem sido incrível. Bem, eu comecei a divulgar e procurar uma editora quando estava escrevendo o livro três, no início desse ano. E demorou apenas três semanas para receber o pedido de análise da Literata e um mês para fechar o contrato.


6 - Um dos temas de sua obra é o misticismo. Você já presenciou uma possível comunicação com alguma divindade?
R: Não, mas acho o tema fascinante. Foi o que me motivou a escrever.

7 - Li que já tem ideias para uma nova "aventura" no mundo literário. Você poderia destacar algumas?
R: Tenho algumas ideias anotadas, mas vou citar apenas a próxima que começarei a escrever por estar mais pronta, digamos assim, em minha mente. É já estou ansiosa para começar. Se chamará Estrela e será sobre um amor proibido que nascerá em uma época distante e enfrentará os homens, os deuses e o tempo. Pitadas de magia apimentarão esse romance. Encontrará ao final redenção? Em breve divulgarei mais sobre a obra.

8 - O que você acha que um escritor tem que ter para criar uma boa obra de fantasia nos dias atuais, fora persistência, claro?
R: Talento, leitura: ler de tudo e não ter preguiça de pesquisar. A pesquisa encaminha a obra para o lado certo e até mesmo concede detalhes importantes. E abrir a mente para o imaginário. Reconstruir é a palavra-chave. E escreve, escreva muito e de tudo.

9 - Muito obrigado pela entrevista, Josy. Espero que você tenha ainda muito sucesso em sua vida. Deixe agora um recado para os meus e os seus leitores.
R: Obrigada você, Renato, principalmente pela oportunidade de falar um pouco sobre minha carreira. Espero que os leitores apreciem. Boa leitura e bom divertimento a todos. Beijos.



A Guerra dos Tronos | George R. R. Martin



Muita intriga e reviravolta com personagens fascinantes e misteriosos. É assim que eu descrevo o primeiro livro da Saga As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin. O escritor americano consegue desenvolver a trama sem dificuldade, e sempre temperando-a com cenas quentes, assassinatos, humor negro e duelos. Mas o melhor de tudo é que ele preenche tudo isso com diversos tipos de personagens (tenho certeza que vai se identificar com algum) e cenários fantásticos e exóticos (desde o luxo do castelo real ao frio de Winterfell e o clima sombrio que toma conta da Muralha). O verdadeiro charme do livro está na divisão de capítulos. Não temos frases no topo de cada início de capítulo, e sim nomes dos oito personagens principais do enredo (e são classificados assim exatamente por isso). Nos capítulos com o nome de Catelyn, por exemplo, conta-se a história à partir do que a personagem Catelyn presencia, mas sempre narrado em terceira pessoa. E Martin consegue correr com a trama de maneira prática, sem que isso se torne um grande obstáculo (o que aconteceria se fosse um escritor desatento) para o desenvolvimento do livro. Na verdade, este é um dos grandes diferenciais na construção da obra.

Após Ned Stark, Lorde de Winterfell, receber o recado que seu grande amigo Jon Arryn, Mão do Rei, havia morrido, soube que o próprio Rei Robert (seu velho companheiro de batalha) estava indo diretamente para o norte oferecer-lhe a vaga. Ned decide aceitar a oferta quando a irmã de sua esposa, que era esposa de Arryn, manda-lhe uma ave dizendo que seu marido fora envenenado pela rainha Cersei. Sendo assim, ele teria a chance de proteger seu velho amigo das mãos da maligna mulher. Mas muitas coisas acontecem no caminho, provocando o andamento da guerra dos tronos, onde se vive ou se morre. Além disso, o inverno está para chegar.

Uma das coisas que mais surpreende na leitura de A Guerra dos Tronos é a facilidade com que o escritor apresenta sua obra ao público. Você começa a ler sem entender nada sobre Muralha, Patrulha da Noite, Os Outros, mas, conforme a história vai ganhando ritmo, você vai entendendo os verbetes e os acontecimentos e acaba por simpatizar-se ou não com a obra, dependendo de seu gosto, claro. Além disso, Martin faz perceber que tem um grande conhecimento sobre a Idade Média, desde a gastronomia e os tecidos da época às estratégias e armas de batalha, o que, obviamente, favorece ainda mais os detalhes da trama. Mas há quem vá se decepcionar com o livro, não pelo o quê ele traz, mas sim por como ele o faz.

Vou explicar-lhe. Diferente da maioria das séries de livros, ele não estabelece a trama de toda a saga por trás de um enredo que se inicia  e se finaliza em um só livro como Rowling nos apresenta seu mundo mágico por traz da busca pela pedra filosofal, por exemplo. Na verdade, A Guerra dos Tronos é o aperitivo para o clímax que deve acontecer em A Fúria dos Reis, o segundo livro da série. O que com certeza decepciona quando você lembra que os livros têm um preço bastante salgado e você está super curioso para ler o clímax da história. Não é um detalhe que prejudica a qualidade da obra por si só, mas às vezes é preciso seguir o padrão que agrada o público, e que acabou também por prejudicar a série de televisão da HBO adaptada da obra. A primeira temporada, baseada neste livro, acaba sem pé nem cabeça, com trama nenhuma concluída.

A Guerra dos Tronos com certeza já virou obrigatório pra qualquer fã de fantasia medieval, e vale a pena lê-lo. Mesmo com este pequeno incômodo, a leitura é ótima e tenho certeza que vai se surpreender com as reviravoltas criativas do escritor. Boa leitura!

Ps.: O mapa e as informações ao final são de grande ajuda.


Livro: A Guerra dos Tronos
Autor: George R. R. Martin
Editora: LeYa
Páginas: 592

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Entrevista | Renata Ventura












Antes de se dedicar ao seu primeiro livro, A Arma Escarlate, a jornalista Renata Ventura se aventurou no cinema e morou quatro anos nos Estados Unidos. Natural do Rio de Janeiro, sempre soube que seria escritora. Confira abaixo a entrevista que ela deu para o blog. Entre vários outros assuntos, ela fala de Harry Potter, suas inspirações e, principalmente, A Arma Escarlate ( que estréia dia 18 de novembro!).




1-Renata, não podemos negar as semelhanças entre a sua nova obra, A Arma Escarlate, e a saga best-seller Harry Potter, de J. K. Rowling. Em ambas temos um jovem garoto que se descobre um bruxo. Sei que você é fã da obra da escritora inglesa, por isso eu te pergunto: a ideia foi retirada da trama de Harry Potter? Se sim, o que mais em seu livro você acha que, mesmo involuntariamente, tenha uma certa semelhança com a saga do menino bruxo inglês?
R: A ideia para meu livro surgiu depois que eu li uma entrevista com a J.K. Rowling, em que um fã norte-americano lhe perguntou se ela planejava algum dia escrever um livro sobre uma escola de bruxaria nos Estados Unidos. Ela respondeu que não, mas que ele podia ficar a vontade para escrever sobre isso. Então eu me perguntei: Por que não escrever um livro sobre uma escola carioca de bruxaria?

A partir dessa primeira ideia, comecei a pensar nas tradições, no folclore, nos comportamentos brasileiros, ... e, principalmente, em como uma escola brasileira seria diferente de uma escola britânica: a desorganização, a malandragem, o jeitinho... as aulas que nunca começam na hora certa, a falta de verba... Nada disso tem em Hogwarts, mas em escolas do Rio de Janeiro são algo comum.  Então, na escola carioca de bruxaria também seria.

Ao mesmo tempo, eu procurei escrever de modo que os fãs de Harry Potter reconhecessem certos aspectos do mundo mágico a que eles já haviam sido apresentados pelos livros da J.K. Rowling; até como uma maneira de brincar com esse mundo, de unir as duas histórias. Eu gosto muito dessa ideia de juntar mundos literários, como se todos acontecessem em uma mesma realidade. Então, quando a história do Hugo começa aqui no Brasil (1997), as aventuras de Harry já estão acontecendo há alguns anos na Grã Bretanha e talvez um certo vampiro Lestat esteja pensando em voltar ao Rio de Janeiro e pular novamente o carnaval, assim como o fez em 1991, no livro de Anne Rice. Entende? Como se todos os mundos literários fossem um mundo só. Na minha cabeça, é  assim que eu vejo, apesar de eu não ter escrito isso explicitamente no livro.

Para criar essa sensação de mundo em comum, eu usei alguns aspectos que estão no Harry Potter, mas que são elementos que não foram criados pela J.K. Rowling; elementos que ela mesma pegou emprestado de outros livros e contos, como varinhas, escolas de bruxaria, quadros que se movem, vassouras voadoras... Tudo isso já existia antes de Harry Potter. Então eu sabia que podia usar no meu livro, para dar essa sensação de que se trata do mesmo mundo. Só que, como no Brasil a gente dá sempre aquele toque brasileiro a tudo que vem de fora, o mesmo acontece com esses elementos no meu livro. Eles estão lá, mas são diferentes, subvertidos. E, claro, convivem perfeitamente com a magia brasileira, o folclore nacional, e os feitiços em tupi-guarani, bantu, iorubá... (Feitiços em latim não funcionam no Brasil. Não me pergunte por quê. Nem mesmo os personagens sabem! rsrsrs Mas há teorias.)

A história de meu livro, como você mesmo disse, se assemelha à do Harry já por ser sobre um menino que se descobre bruxo. Mas a situação de Hugo é muito mais desesperadora do que a situação que Harry vivia no começo do primeiro livro. A violência e o medo com que Hugo teve de conviver desde pequeno, Harry só começa a experimentar realmente a partir do final do quarto livro, quando Voldemort volta. E isto faz de Hugo um personagem muito diferente, com outras motivações, outra visão de mundo, outras reações. Ele tem certa malícia e certa manha que ele precisou desenvolver desde pequeno para sobreviver. E isto reflete, claro, na maneira como Hugo vai usar a magia que ele aprende em sala de aula. Com menos sabedoria que Harry, talvez, e certamente com menos compaixão. 




2-É fácil construir uma boa obra de fantasia nos dias atuais, porque temos várias inspirações, seja nos livros ou na mídia. Mas o difícil é criar uma boa obra de fantasia cuja trama se passe nos tempos modernos. Você acha que conseguiu o desafio de transformar um jovem de 13 anos que mora em uma favela em um bruxo de uma hora pra outra? 
R: Eu levei cinco anos para escrever A Arma Escarlate, talvez por causa dessa dificuldade que você mencionou. O grande desafio nesse livro foi exatamente fazer essa mescla entre o mundo mágico e o mundo real. Por Hugo morar em uma favela e já ter vivido várias situações de tensão e violência mesmo antes de descobrir que era bruxo, esse mundo real acaba invadindo o mundo mágico, mais do que em outros livros de fantasia; a realidade é muito poderosa e muito influente nas decisões que Hugo toma. Ele não consegue se distanciar dela e viver apenas nesse mundo novo de magia e fantasia, porque a realidade é simplesmente forte demais para ser ignorada, e isso vai fazer toda a diferença na trama do livro. 

Ele foge da favela para ir à escola de bruxaria, mas ao mesmo tempo, sua mãe e sua avó continuam lá, sendo ameaçadas pelo bandido que o jurou de morte. Então Hugo não pode simplesmente se esquecer de que existe um mundo lá fora. Ele tem objetivos específicos quando entra na escola, e não são objetivos pacíficos. Ele quer aprender magia o suficiente para voltar lá e acabar com o bandido que o fez sofrer durante sua vida toda.


3-Quais são as reações e as ações do menino depois que ele descobre isso? Como foi que ele descobriu?
R: Acho que acabei respondendo mais ou menos essa primeira pergunta já na resposta acima. Quanto à segunda pergunta, vou deixar para os leitores descobrirem!!!! rsrsrs




4-Conte-nos mais sobre os pixies. O que eles são, da onde surgiram? O neologismo seria uma alusão aos trouxas de Harry Potter, mesmo que ambos nada tenham a ver?
R: Não, não. Os Pixies são um grupo mais velho de alunos. Um grupo rebelde, que vive querendo mudar o mundo, acordar os alunos e os professores para ideias novas, chacoalhar a monotonia da escola, abrir as mentes da comunidade bruxa. São muito gente boa. Divertidos. Ousados. Tão ousados que vocês podem até conversar com dois deles no Facebook. O nome "Pixies" significa "duendes" ou "diabretes".



5-Deixando um pouco de lado o assunto sobre o livro, vamos falar de sua vida profissional. Quando trabalhou na área cinematográfica, em quais projetos se envolveu? Qual o seu preferido e o melhor de se fazer: cinema ou literatura? Por quê?
R: Trabalhei com cinema documentário, em filmes como "Utopia e Barbárie" e "Memória do Movimento Estudantil", mas prefiro mil vezes a literatura. É muito divertido criar personagens, vê-los crescer, se desenvolver, e sair completamente de nosso controle! Os pixies, por exemplo, vivem me surpreendendo. E Hugo então, nem se fala. Hugo já chegou a me surpreender de tal maneira, que eu não sabia mais como tirá-lo da enrascada em que ele próprio se metera com a língua afiada dele. A resposta que ele deu a um certo personagem não estava nos meus planos, e eu simplesmente não podia mais apagá-la depois que ele já havia dito o que dissera. Então tive que modificar a cena inteira para salvá-lo naquele momento do livro. rsrsrs Hugo é indomável. Não tem jeito.



6 - Você já tem algum novo projeto de livro em frente? Pode revelar-nos algumas de suas ideias? 
R: Eu espero que possa levar adiante a história do Hugo. Tenho mais quatro sequências em mente, que eu gostaria muito de compartilhar com os leitores. Até porque o vilão principal ainda não aparece nesse primeiro livro, e eu adoraria que vocês o conhecessem. Ele é um dos meus personagens favoritos. 
Em cada um dos outros quatro livros seguintes da série, pretendo apresentar aos leitores uma das outras quatro escolas de bruxaria espalhadas pelo Brasil. Além da escola carioca, há também as escolas do Sul, da Amazônia, de Brasília e de Salvador. Cada uma com seu currículo diferenciado, relacionado à região em que a escola se encontra!


7-Quais os autores brasileiros que mais te inspiram?
R: Monteiro Lobato, definitivamente. O jeito como ele misturava o folclore com a realidade da roça era muito bacana. Eu faço uma homenagem aos personagens dele no livro, em um certo capítulo.


8-Você acha que o Brasil está fazendo boas obras de fantasia? Temos vários exemplos de que os brasileiros estão se envolvendo cada vez mais no gênero, como o livro A Batalha do Apocalipse, de Eduardo Spohr.
R: Um de meus projetos de leitura para ano que vem é mergulhar nesse novo universo da literatura fantástica brasileira. Ainda não comprei o livro do Spohr, mas já comprei o "O Vale dos Anjos", de Leandro Schulai, e "Lerulian" de Dan Albuk, e estou ansiosa para lê-los!!!


9-Muito obrigado, Renata. Deixe agora um recado para os meus e os seus leitores.
R: Espero que vocês gostem do livro! Que se divirtam e, ao mesmo tempo, discutam os debates e os temas que eu apresento ao longo da trama! Eu gostaria muito que meu livro inspirasse as pessoas a pensarem mais sobre a realidade brasileira, a debaterem mais sobre os temas graves que assolam o Brasil e que afetam a juventude brasileira.




Saiba mais sobre A Arma Escarlate na página do Facebook oficial do livro: http://www.facebook.com/pages/A-Arma-Escarlate/209624942406590?sk=info


Há também alguns personagens com suas próprias contas no Facebook, confira:

Caimana Ipanema:

http://www.facebook.com/profile.php?id=100002545253374&sk=info




domingo, 4 de setembro de 2011

Brasil: Os Fascinantes Anos 20 | Marcos Rey














São livros assim que podem fazer várias pessoas desejarem voltar no tempo e darem de cara com um Brasil não tão corrupto, não tão violento, não tão desigual. Em Brasil: Os Fascinantes Anos 20 voltamos na década onde os modernistas tentavam criar fãs, onde a luz elétrica surgiu, o lança-perfume não era droga e o rádio começou a ganhar fama. Porém, também damos de cara com um Brasil que também sofria com as revoltas do exército contra o governo, com as greves dos trabalhadores, que revindicavam melhores condições de trabalho, e com a crise de 1929, que afetou o Brasil diretamente com a queda da exportação do café, principal produto do país na época. Mas o importante aqui é saber que Marcos Rey nos conta uma breve estória, com personagens fictícios que vivem na época onde Tarsila do Amaral começou sua carreira e João Ribeiro de Barros atravessou o Oceano Atlântico Sul - com direito à participação destas personalidades.

Na trama, Gabriel é um rapaz que deixou a família em sua cidade natal e partiu para São Paulo para viver sozinho na Pensão da República e vender reclames pela cidade. Ele é um apaixonado pelos artistas modernistas e, junto com o amigo Natal, compra ingressos para a Semana de Arte Moderna. Lá, ele presenciou o público ir contra artistas como Villa Lobos e Oswald de Andrade, jogando tomates e diversas outras coisas. É nessa época que ele conhece Glorinha, a típica mulher dos anos 20, chamada de melindrosa, que usava vestidos mostrando as canelas, fumava e participada dos corsos de carnaval. Ele começa a se aproximar ainda mais de Glorinha quando sua família vem morar com ele em uma casa em São Paulo e Natal volta para Ribeirão Preto, onde seus pais vivem.

É bem difícil fazer uma sinopse de Brasil: Os Fascinantes Anos 20 sem contar spoilers da trama, porque o livro não tem nenhum objetivo. Objetivo que eu digo, físico. Afinal, ele tem a missão de mostrar como se vivia na década de 20 no Brasil, porém tampouco cria suas ramificações para chegar a um final que feche, literalmente, a trama. No desfecho, temos uma espécie de epílogo que nos conta como a vida do protagonista seguiu, mas não ficamos interessados, em nenhum momento, nos personagens. E o escritor sabe disso. Não é a toa que, na própria sinopse do livro, não encontramos nem mesmo o nome do protagonista, e sim em como era chamada a década de 20 e os motivos para tal. É aí que descobrimos a ideia do autor: utilizar um enredo fictício como estrutura para contar a história de uma época verídica, e tenho que admitir que esta mescla dá certo. Brasil: Os Fascinantes Anos 20 é uma leitura prática e rápida, que pode te ensinar bastante coisas ou não sobre a década, dependendo de seu nível de conhecimento sobre a mesma. Aí, já depende de cada um; mas há uns bons fatos verídicos ao final do livro, que valem a pena ler.

Livro: Brasil: Os Fascinantes Anos 20 - Col. O Cotidiano da História
Autor: Marcos Rey
Editora: Ática
Páginas: 64 - Edição de 2004

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Entrevista | Marcio Scheibler

1 - Você tem dois livros policiais. Quando escreveu o primeiro livro, "Cicatrizes de Um Segredo", você já estava pensando em escrever o segundo, "Irresistivelmente Fatal"? E no momento de procurar uma editora para publicar sua ideia, você já estava com os dois livros prontos?

R:
Procurei primeiramente focar no primeiro livro. A ideia do segundo livro me veio à cabeça na semana seguinte ao lançamento do primeiro, muito em função da satisfação de ver minha obra recém lançada e com intuito de seguir a vida toda com essa carreira. Resumindo, apenas o primeiro trabalho estava pronto quando procurei uma editora.





2 - Você pretende escrever um terceiro livro? Ele também terá, como protagonista, o detetive? 

R: Pretendo escrever, mas não iniciei nada ainda. A presença do detetive Otávio Medeiros ainda é uma incógnita, mas pela ideia que tenho, ele deve seguir atuando em pelo menos uma parte da obra. Posso adiantar que a ideia principal é reunir vários contos num livro só, ao contrário dos dois livros já publicados que contém apenas uma história em cada.





3 - Sir Arthur Conan Doyle é conhecido mundialmente por ter criado o detetive mais famoso da literatura: Sherlock Holmes. Em algum momento ele te serviu se inspiração? Se sim, a ideia é fazer de Otávio Medeiros um "Sherlock Holmes brasileiro"?

R: Sherlock Holmes é leitura obrigatória pra qualquer autor que queira se aventurar pelo romance policial. Inspiração foi o que não faltou após ler algumas de suas obras. Seria muita ousadia da minha parte tornar um personagem meu algo parecido com o detetive inglês, mas trabalharei para, ao menos, colocar minha obra em destaque no cenário nacional.







4 - Quando você vai criar o enredo de seus livros, você já sabe o final antes de escrever e, assim, vai criando todo o processo até chegar ao desfecho ou você cria os personagens e a trama e, conforme vai escrevendo, você mesmo vai "descobrindo" o final apropriado?

R:
Segunda opção. Primeiramente eu crio alguns tópicos que serão pontos-chave da trama e ao longo da escrita crio os elos entre eles. O final eu imagino em partes, mas o processo todo vai se definindo ao com o decorrer das linhas.






5 - Para criar a personalidade de seus personagens, alguma vez você já se inspirou em alguém? Se sim, qual foi o personagem e a pessoa?

R: Não me inspiro em alguém em específico, mas alguma atitude ou ação que eu já tenha presenciado ou visto na televisão serviram de base para determinadas cenas. 







6 - Você se interessa por um outro gênero? Quais são seus autores preferidos e os que te inspiram?

R: Após me tornar escritor, passei a ler uma variedade maior de gêneros: literatura fantástica, poesia, romances históricos, etc. Não que antes eu me interessava apenas pela literatura policial, e sim por ser aficcionado por este estilo. Gosto de Agatha Christie, Arthur Conan Doyle e Dan Brown, principalmente, apesar do último não se enquadrar no gênero policial. A literatura nacional me proporcionou a leitura de obras maravilhosas, que não devem em nada a obras estrangeiras. Troquei livros com vários autores e me surpreendi com a produção literária brasileira.







7 - Quantas horas por dia você costuma escrever? Nestes momentos, onde você costuma ir para escrever (cafeterias, na sua casa, em praças...)? 


R: No momento estou parado, mas quando eu escrevia não me dedicava diariamente à escrita. Quando escrevia, o tempo decorrido, em média, era de uma hora por dia, quase sempre no meu quarto.






8 - Você tem um blog sobre Livros e Rock'n'roll. Pretende, algum dia, juntar suas paixões em páginas?

R: É algo que está na minha cabeça. A falta de tempo para o estudo do rock é o que me impede de aprofundar a ideia, mas nem por isso deixo de sempre ler algo sobre o assunto. Só fica a dúvida se os leitores atuais, que se identificam com o Marcio autor de romances policiais, iriam gostar de ver uma obra minha falando sobre o rock n' roll.







9 - Muito obrigado, Marcio. Agora, mande um recado para os meus e os seus leitores, e os seus meios de contato.

R: Obrigado pela oportunidade, primeiramente. 

Não meça esforços para tornar a leitura um hábito prazeroso em sua vida. Mergulhar em cada letra, palavra, frase ou página de um livro é sair do mundo terreno e aprofundar-se no imaginário com toda a força da mente.


"A leitura nada mais é do que a capacidade de ver o que se passa na mente do autor" - Marcio Scheibler

Abraços



Marcio Scheibler
marcioscheibler@ibest.com.br
escritorscheibler@gmail.com
http://escritormarcioscheibler.blogspot.com
http://selobrasileiro.blogspot.com
http://livroserocknroll.blogspot.com

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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Cinema com Café » Super 8


Em 1979, numa cidade industrial de Ohio, um grupo de jovens amigos está fazendo um filme caseiro para um concurso. Gravando as cenas em uma câmera Super 8, eles registram a catastrófica colisão de um trem. Porém, não tarda para que comecem a desconfiar que aquilo não foi um acidente quando misteriosos desaparecimentos começam a acontecer e o exército tenta encobrir a verdade – algo muito mais terrível do que eles poderiam imaginar.

Confira o especial do blog parceiro ContaêCinema sobre o filme:

Crítica.
Ficha técnica e galeria.
Imagens de Bastidores.
Sessão "Esse Promete".


Trailer:

O Caso dos Dez Negrinhos | Ágatha Christie














Não li muitos livros de Christie, mas basta ler apenas um que você já percebe a facilidade da autora em criar e contar histórias incríveis, traçando os acontecimentos de forma magnífica e sem deixar a conclusão óbvia. O Caso dos Dez Negrinhos é conhecido como sua obra de arte, e foi seu livro que mais vendeu. Explorando bem seus personagens e abrindo espaço para todos terem seu grande momento, Christie apresenta seu estilo único, um marco no gênero da literatura policial, que mostra como não é preciso fornecer tantos detalhes para se contar uma boa história. Pelo menos quando esta história está nas mãos dela.

Seja como convite de passeio ou a trabalho, oito pessoas são convidadas por cartas a ir até a Ilha do Negro, na costa de Devon. Chegando ao local, são levados de barco até uma ilhota com uma casa moderna, na qual um casal de mordomos os esperavam. Os anfitriões não estão na casa, e nenhum deles jamais vira os mesmos. Nos quartos, um poema sobre dez negrinhos que morriam cada um de forma diferente do outro ficava em cima da lareira, e pequenos retratos de porcelana com dez negrinhos serviam de decoração na mesa de jantar. A noite chegou, e, enquanto esperavam a chegada dos proprietários, um disco no gramofone acusou cada um presente de assassinato. Em seguida, um deles morre envenenado pela bebida, seguido de outro que morre enquanto dormia. Assim, assassinatos vão acontecendo da mesma forma que cada negrinho morre no poema; e cada acontecimento é seguido de um retrato de porcelana desaparecido. A ilha está vazia, e não há contato com o exterior. Os proprietários nunca chegaram, e a única certeza é a de que quem está fazendo isto se encontra entre eles.

Apresentados logo aos visitantes da ilha à caminho do local, conhecemos o mínimo possível sobre cada um. A ideia de Christie é que os personagens tenham seu passado revelado ao decorrer da trama, para que não tenhamos um preferido ou um suspeito logo de cara; a pura essência do gênero, que hoje em dia é difícil de encontrar. Ágatha faz o possível para deixar o leitor intrigado, com os olhos colados nas páginas e criando suas próprias hipóteses (eu jurava que o Sr. Rogers tinha um irmão gêmeo!) para os acontecimentos - desde desaparecimentos de objetos (como as próprias figurinhas de porcelana ou até mesmo a cortina do banheiro) a personagens que parecem estar perdendo a sanidade mental (vide o tapa na cara que Vera ganhou do Dr. Armstrong). São coisas assim que fazem a cabeça do leitor agir e formar sua opinião sobre o (s) culpado (s), sobre como tudo aconteceu e sobre os motivos pra tudo acontecer, e Christie é a melhor em criar esses momentos e, principalmente, em concluí-los de forma fenomenal, praticamente impossível de ser descoberta antes da hora.

Com criatividade, a escritora realiza uma das melhores, se não a melhor, obra de sua carreira. Quebrando barreiras (na época poucas mulheres se arriscavam a ser escritoras, pois ainda havia muito preconceito, e muitos menos em escreverem romances policiais), Ágatha Christie foi uma das pessoas mais influentes de sua época, e ainda continua a influenciar escritores e leitores no mundo inteiro. O Caso dos Dez Negrinhos prova isso do começo ao fim, exalando genialidade da mente por trás dele.

Livro: O Caso dos Dez Negrinhos 
Autor: Ágatha Christie
Editora: Globo
Páginas: 219

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O Ladrão de Raios | Rick Riordan














Criar uma obra de fantasia nos dias de hoje é uma tarefa difícil, já que o escritor tem que se desviar dos estereótipos e concentrar suas ideias no original, mas sem perder a essência do gênero - que é a responsável por vender os livros e conquistar fãs. O mais difícil ainda é criar uma obra de fantasia que se passa nos dias de hoje, porque tem que ter muito cuidado ao misturar os avanços do século XXI com lendas de vampiros, bruxos, zumbis ou, como neste caso, mitologia.

Percy Jackson tem doze anos, vive mudando de escola e sofre de déficit de atenção. Para onde vai, ele arranja confusão. Em casa, sua mãe é casada com Gabe "Cheiroso", seu padastro, e ele nunca conheceu o pai biológico. Em um passeio escolar, o jovem acaba descobrindo que sua professora de álgebra, na verdade, é uma Fúria (ou Benevolente, como as chamam) e ele - com a ajuda de uma espada - transforma a criatura em pó. Desde aí, várias outras coisas acontecem e ele vai parar no Acampamento  Meio-Sangue, e descobre ser um semideus, filho de Poseidon - o deus dos mares.

No início do livro, o protagonista fala diretamente com você e te dá um recado: "Se você está lendo isto porque acha que pode ser um [meio-sangue], meu conselho é o seguinte: feche este livro agora mesmo." - se Rick Riordan escrevesse isso no século passado, seria uma ofensa para com o gênero. Afinal, a fantasia antigamente era feita para o próprio leitor se sentir dentro da trama; do mundo criado pelo escritor. Quantas crianças já não fuçaram o guarda-roupa em busca da passagem para Nárnia? Alguns autores atuais ainda seguem esta linha, mas Rick Riordan foi na direção oposta e misturou o século XXI com mitologia de uma forma bem mais física e menos "mágica" do que Rowling e seu Harry Potter ou Lewis e sua Nárnia, por exemplo, e talvez esse seja o principal erro do escritor: dizer que ser filho de um deus não é bom

Não só no que se refere a própria frase, Riordan erra também na maneira que conduz esse lema de forma a tentar fazer com que o leitor acredite nisto. Em alguma página do livro, Percy Jackson (que, aliás, é um dos protagonistas mais irritantes que eu já tive o desprazer de conhecer) revisa tudo de ruim que aconteceu até aquele momento e coloca toda a culpa nos deuses. Mas acontece que essas passagens são tão rápidas - e algumas até estranhas - que fica difícil acreditar que um chihuahua pode se tornar uma mortal Quimera, que um poodle os ajude a ganhar dinheiro para pagar passagens de trem ou que Procrusto, O Esticador seja dono de uma loja de colchões d'água - tudo isso soa, no mínimo, ridículo.

Uma cópia descarada de Harry Potter? Talvez seja um equívoco comparar obras com temas tão diferentes; mas é impossível deixar de notar algumas semelhanças. Os personagens, por exemplo: Percy e Harry têm sua arrogância pessoal (embora Potter seja mamão com açúcar perto de Jackson) e sofrem com a falta dos pais; tudo está contra, e jamais a favor, deles. Annabeth e Hermione são o cérebro do grupo, e muitas vezes chegam a ser irritantes; e Rony Weasley e Grover são o "alívio cômico" do trio. Mas temos que concordar que Riordan não consegue ser tão genial quanto Rowling ao criar sua obra; seja nos infantis acontecimentos durante toda a trama ou na falta de exploração dos próprios personagens (no livro inteiro, ele praticamente não chora pela morte da mãe, o que leva por água abaixo as tentativas de Riordan de explorar o sofrimento de um Percy órfão).

O Ladrão de Raios ridiculariza a mitologia grega, e dificilmente conquistará a atenção dos verdadeiros fãs do tema com um protagonista insuportável e coadjuvantes que não roubam a cena pela falta de exploração ou por serem, simplesmente, patéticos.

Livro: Percy Jackson & Os Olimpianos: O Ladrão de Raios
Autor: Rick Riordan
Editora: Intrínseca
Páginas:385